quarta-feira, 3 de abril de 2024

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LA BELLE ÉPOQUE

 

A Belle Époque foi o período entre a Guerra Franco-Prussiana e a Primeira Guerra Mundial e ficou caracterizada pela euforia com o progresso tecnocientífico ocidental. Esse período compreende cerca de quarenta e três anos, tendo início após a Guerra Franco-Prussiana, de 1870-71, que resultou na unificação da Alemanha, e terminando com o advento da Primeira Guerra Mundial, em julho de 1914. Como veremos abaixo, a Belle Époque foi uma era efusiva em que a crença no progresso civilizacional e no desenvolvimento tecnocientífico dava a tônica do momento.

Sabemos que o processo de industrialização na Europa e também no Norte dos Estados Unidos começou a ter um amplo desenvolvimento ainda durante a primeira metade do século XIX. Esse desenvolvimento possibilitou a mecanização do trabalho, antes manual e manufaturado, e a consequente produção em larga escala de bens de consumo (comida e vestimentas em geral), transportes (trens e navios a vapor, bondes elétricos, automóveis) e bens de produção (maquinários de diversas ordens). Nessa esteira, na segunda metade do século XIX e nos primeiros anos do século XX, maiores avanços tecnocientíficos foram conseguidos, como o advento da medicina higienista de Louis Pasteur e da microbiologia.

Tudo isso provocava uma euforia com o progresso, uma fé na ciência e na tecnologia que dava à população da época a nítida certeza de que vivia um período exuberante e frenético. O mundo começava também a se integrar globalmente em razão de invenções como o telégrafo transcontinental. O historiador Philip Blom, em sua obra Anos vertiginosos: mudança de cultura no Ocidente – 1900-1914, mostra claramente a sensação que era percebida naquela época:

Velocidade e euforia, angústia e vertigem eram temas recorrentes entre 1900 e 1914, quando as cidades explodiram em suas dimensões e as sociedades foram transformadas, a produção em massa entrou para a vida cotidiana, os jornais tornaram-se impérios das comunicações, o público de cinema contava-se às dezenas de milhões e a globalização trazia aos pratos dos britânicos carne da Nova Zelândia e cereais do Canadá, aniquilando a venda de velhas classes fundiárias e promovendo a ascensão de novos tipos: engenheiros tecnocratas, as classes urbanas.

Para Blom, o caráter vertiginoso desses anos de Belle Époque exprimia também a própria essência do que era ser moderno, no sentido de ruptura com as bases da cultura tradicional do Ocidente. Segundo esse historiador:

A modernidade não emergiu virgem nas trincheiras de Somme. Muito antes de 1914, já se afirmava solidamente nas mentes e nas vidas da Europa. A primeira Guerra não funcionou como elemento gerador, mas catalisador, forçando velhas estruturas a ruir mais rapidamente e novas identidades a se afirmar mais facilmente.

O grande símbolo dessa atmosfera de modernização que caracterizou a Belle Époque foi a chamada Exposição Universal (Exposition Universelle, em francês), realizada em 1900, em Paris. Essa exposição consistia em uma feira aberta de mostras tecnológicas e culturais que ocorria em vários pontos da capital francesa. O objetivo era render homenagens e fazer demonstrações do que havia sido inventado, dos aparatos técnicos da última leva, da nova moda de vestimentas, novos monumentos públicos e a nova arte (geralmente no estilo Art nouveau) etc. Os principais centros urbanos e culturais dessa época, além de Paris, eram Viena, Berlim e Londres.

Indulgence Exemplified: A Brief Peek at the Belle Epoque - InvaluableA formação desses centros urbanos inundados de inovações tecnológicas, como o telégrafo, o automóvel, os trens e bondes elétricos, o fonógrafo e gramofone, o telefone, a fotografia e, principalmente, o cinema, acabou por modelar também o comportamento e os sentidos humanos. Isso teve uma repercussão muito grande na arte. Movimentos das artes plásticas, como o impressionismo e o expressionismo, nasceram da necessidade de se representar a realidade de modo a captar algo diverso do que a fotografia já era capaz de fazer.

Outras formas de arte tipicamente modernistas, como o cubismo de Picasso, buscavam recursos das culturas primitivas de outros continentes, como a África. A própria aura tecnológica foi um modelo imitado pela pintura, no caso dos futuristas, como Giacomo Balla, que procurava passar a impressão de velocidade em seus quadros.

Contudo, esse entusiasmo da Belle Époque teve os seus críticos, que, de um modo ou de outro, previram certos efeitos que seriam colhidos com a grande catástrofe que foi a Primeira Guerra Mundial. Um deles foi o psiquiatra austríaco Sigmund Freud, que percebeu os problemas que as sociedades de massa, integradas pelos meios de comunicação e pelo alto desenvolvimento industrial, poderiam provocar. A rivalidade entre as nações, pautada no ressentimento de conflitos e divergências passados, foi um desses problemas.

Inovações tecnológicas como o telefone, o telégrafo sem fio, o cinema, a bicicleta, o automóvel, o avião, inspiravam novas percepções da realidade. Com seus cafés-concertos, balés, óperas, livrarias, teatros, boulevards e alta costura. Paris, a Cidade Luz, era considerada o centro produtor e exportador da cultura mundial. A cultura boêmia imortalizada nas páginas do romance de Henri Murger, Scènes de la vie de bohème (1848), era um referencial de vida para os intelectuais brasileiros, leitores ávidos de Baudelaire, Rimbaud, Verlaine, Zola, Anatole France e Balzac. Ir a Paris ao menos uma vez por ano era quase uma obrigação entre as elites, pois garantia o vínculo com a atualidade do mundo.

Arte: i quadri di Picasso invecchiano, colpa della tela di cotone e degli  olii - La StampaOcorreram ainda várias mudanças no mundo da arte na Europa, fazendo com que teatros, exposições de telas, cinemas, entrassem no cotidiano dos burgueses. E apenas eles tinham acesso a este mundo da arte. A Belle Époque americana é, no entanto, instalada rapidamente no país, por meio de uma breve industrialização que começa em meados de 1875, e depois ainda sobrevive até 1930, sendo aos poucos minada por novos movimentos agrícolas.

No fim do século XIX o êxodo rural, o desenvolvimento das comunicações e a eletricidade, aliadas ao crescimento urbano propiciaram o surgimento da cultura do divertimento, que ganhou status social na burguesia por meio dos cabarés, onde era possível encontrar a fusão dos elementos da cultura erudita com os elementos das classes baixas.

A indústria do divertimento (parque de diversão e cinema) foi possível devido ao desenvolvimento da eletricidade e a diminuição da jornada de trabalho, fazendo com que os operários tivessem mais horas livres para o lazer. Os parques e os cinemas transformaram-se em entretenimento de massa, por ter ingressos baratos e provocarem um desprendimento momentâneo da realidade cotidiana das pessoas.

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